Por Valter Batista de Souza,
especialista de Gestão Pública-
A cidade de Guarujá está on line, ligadíssima, acesa. Tem cerca
de trezentos mil moradores, recebe mesmo número de turistas na temporada, chega
a triplicar a população em algumas datas. E todo este povo espera muito da
cidade. Uns querem um lugar melhor para viver, criar seus filhos, trabalhar de
forma segura e tranquila. Os demais esperam viver experiências boas de contar
para parentes e amigos, daquelas que a gente mantém acesas na memória por muito
tempo.
Nesta cidade tudo pode, àqueles que
estão próximos do poder. Nada ou menos que nada, e isto por aqui é possível,
aos que se metem a ser “do contra”. É difícil ver uma cidade tão dependente da
política como a nossa. Eu acho que tudo por aqui gira em torno de eleições. A
cada dois anos se remontam grupos para saírem à caça de votos, batem às mesmas
portas, prometem as mesmas coisas, justificam-se pelo que não fizeram, e o
interessante é que as pessoas acham tudo isso normal.
Nas rodas de amigos é uma choradeira
só. “Está tudo ruim, nenhuma obra foi terminada, nestes aí não voto mais de
jeito nenhum”. Mas “eles” sempre voltam
ao poder. De uma forma ou de outra, se mantém por ali, mesmo que seja apenas
para contemplar os desastres ou apenas para baterem palmas, quando convocados.
É interessante ver como se tem a
necessidade nesta cidade de falar sempre que tudo vai bem. Vivemos o caos na
segurança, na saúde, na geração de emprego e renda e no mais básico, na
manutenção da cidade. Ruas esburacadas, terrenos cheios de mato, sinalização e
iluminação precárias. Mas, para os turistas temos que dizer que está tudo bem.
Como se eles não enxergassem.
Eu espero que este espaço sirva para
ajudar a manter acesa a ideia de uma cidade menos dependente da política e dos
políticos, que aprenda a conviver com a verdade, mesmo que dolorida, e que
permita aos leitores enxergarem, mesmo o que está nas sombras.