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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Artigo

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Os olhos do mundo-
Valdir Dias, Jornalista – Colaborador-


 Com raras exceções, toda atividade precisa de visibilidade, mas na política este esforço tem reflexo automático na vida das pessoas. Toda atitude tomada por um político tem impacto, imediato ou não, em nosso cotidiano. E é de provocar visibilidade que se sustenta qualquer homem público, pois quem não é visto não é lembrado, já dizia um adágio popular.
 Ver e também ser visto tem sido um dos desafios do homem ao longo dos tempos. As manifestações artísticas em torno do assunto bem demonstram isso. São várias as interpretações acerca da cegueira ou da visão, em nossa breve história. Algumas provocam surpresa e dor, por nos remeter a um mundo de escuridão e dúvida. Outras nos fazem refletir sobre o real poder da visão sobre si e os demais.
 O que um eleitor espera de todo político que foi eleito é justamente a melhor visão possível do mundo em que ele vive com quem o escolheu. A visão periférica é menos valiosa do que a visão panorâmica, neste caso. Enquanto buscamos, em nosso dia a dia, enxergar os pequenos detalhes ao nosso redor, valorizando sentimentos, os governantes devem priorizar aquilo que a maior quantidade possível de pessoas vê. É uma ferramenta crucial para o sucesso de suas ações.
 Como os políticos não costumam ter muito tempo para ler ou assistir filmes, seria de bom alvitre que alguns de seus assessores o fizessem. A arte tem seu jeito próprio de explorar cada uma das características humanas, nos ensinando a compreendê-las e interpretá-las. Há, por exemplo, lições singulares sobre a falta de visão coletiva no “Ensaio sobre a cegueira”, do diretor brasileiro Fernando Meirelles.
 E há o drama do diretor Guillem Morales no enigmático “Os olhos de Júlia”, onde as diferenças entre ver e ser visto são expostas com maestria. No filme espanhol, que trata o tema com nuances de suspense e terror, o diretor nos ensina como pode ser cruel o efeito de não ser visto. Este ser invisível, retratado na película como um assassino, pode se tornar nocivo, pois a invisibilidade o ensina a ser sorrateiro, o que já é perigoso em qualquer atividade, mas principalmente na política, onde é melhor que todos vejam o que acontece ao redor de si próprio.

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