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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Artigo

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A mãe da Revolução -
Clara Gurgel - 

Apesar de ter nascido sob um regime ditatorial, ela não se intimidou.  A omissão seria a opção mais provável para quem vivia numa situação privilegiada em relação à maioria da população, mas ela fez uma escolha diferente. Foi à faculdade, tornou-se mulher, esposa, mãe e, ainda assim, nada disso calou a inquietação que sentia. Queria mais, queria a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, queria o módico direito de “usar um celular” e a utopia de derrubar um governo que há mais de 30 anos estava no poder.
Mesmo que houvesse convicção, sabia que o caminho escolhido não seria o mais fácil. Com a família ameaçada,  tentativas de submissão e até mesmo de assassinato, contrariou as expectativas e fez da repressão  o combustível primordial para  o aumento do seu engajamento político.  Foi às ruas, participou e organizou protestos, foi presa por diversas vezes, e tornou-se um dos maiores ícones na luta contra um governo opressor, sobretudo legitimada pelo seu povo, ao qual retribuiu, tornando-se  porta voz, levando o clamor de toda uma nação aos quatro cantos do mundo. Quando questionada sobre o apoio da comunidade internacional,  se apressava em dizer que seus laços com organizações e outros países eram laços entre iguais e não subordinação, deixando claro a autonomia, uma de suas principais características até hoje.  
Em 2005, junto com mais sete mulheres jornalistas e ativistas, numa atitude sem precedentes, fundou o “Mulheres Jornalistas Sem Correntes”, uma organização calcada na defesa dos direitos humanos, e que acabou se tornando um marco no seu histórico de conquistas, aumentando, e muito,  a sua visibilidade.   
Em 2011, os protestos contra a longa opressão causada pelo governo em seu país aumentavam, e ela encabeçou os movimentos mais representativos em  oposição ao regime, dentre eles, o chamado “Dia de Fúria”, similar aos que haviam inspirado as revoltas no Egito e na Tunísia. Eram os ares da Primavera Árabe chegando ao Iêmen, onde a jornalista e ativista Tawakul Karman foi peça fundamental para a sua disseminação : “Nós vamos continuar até a queda do regime de Ali Abdullah Saleh ... “ foram as palavras de Tawakul Karman, no dia 17 de março de 2011. E  assim foi feito. Não resistindo a pressão, no dia 25 de fevereiro de 2012, Saleh, finalmente, renunciou à presidência e transferiu o poder para o seu sucessor depois de 33 anos. 
Ainda em 2011, Tawakul Karman é anunciada como uma das laureadas do Prêmio Nobel da Paz pelo seu ativismo político. Do acampamento onde estava em resistência ao governo de Saleh, disse que não esperava e dividiu o prêmio com todos da Líbia, Síria e Iêmen que, como ela, lutavam por uma vitória pela demanda de cidadania e direitos humanos. Logo em seguida, na esteira da sucesso do prêmio, viaja ao Quatar em busca de apoio para a instalação de uma rede de rádio e TV.
Atualmente no seu facebook, Tawakul Karman  se define “como uma cidadã do mundo, tendo a  terra como pátria e a humanidade como nação.”
Em sendo o Brasil também a sua pátria e nós sua nação, esperamos receber em breve a visita dessa grande mulher que tem muito a nos dizer sobre seus ideais de justiça e liberdade.
Karman, "su casa mi casa"!

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