Clara Gurgel -
E eis
que, em plena segundona de carnaval, momento sagrado para muitos de nós
brasileiros (desculpem a heresia), o Papa Bento XVI anuncia que vai
renunciar ao seu papado, alegando razões de saúde, ou melhor, falta dela.
Mas ao
que tudo indica e corre a boca grande nos corredores do Vaticano, o motivo real
de sua saída seria o xeque mate que o pobre Pontífice levou antes mesmo de
entregar a Tiara Papal quando partisse para a Glória (Glória? Vai saber...).
Se de um
lado, o PAPA se viu encurralado por várias denúncias de corrupção, leniência
com os casos de padres pedófilos, e o aumento significativo de vários grupos
pedindo a modernização da Igreja Católica , como por exemplo, o movimento
Pfarrer-Initiative (Iniciativa
dos Párocos) na Áustria, onde, centenas de padres assinaram um manifesto
requerendo, entre outras coisas, a comunhão para os divorciados e a
ordenação de mulheres, por outro lado, aquele lado que deveria lhe dar apoio, a
ala (não a de escola de samba, por favor, já é quarta-feira de cinzas. Chega,
né?!) direitista do Vaticano, da qual ele foi um dos expoentes máximos quando
ela precisava se solidificar (sim, Ratzinger foi o que impôs o famoso
“cala a boca”dado ao Frei Leonardo Boff, aquele da Teologia da
Libertação),parece estar mais preocupada com a briga pela sua sucessão,
levando até mesmo alguns jornalistas especialistas no assunto, a usarem o termo
“lutas fratricidas” para explicar o quadro que se encontra por aquelas bandas.
Verdade é que o PAPA nunca foi pop. De linhagem
ultraconservadora, ortodoxa, optou por fazer ouvidos moucos aos apelos de
mudança que agora chegam via online e transpassam os muros das igrejas e
das religiões. Numa tentativa -até patética- diria eu, tentou estancar a sangria
de fieis perdidos para as igrejas neo-pentecostais que facilitam, e
muito, os degraus a serem galgados rumo ao pedacinho no céu, lançando o seu
twitter santo. O último fôlego no esforço de se aproximar das “ovelhas
desgarradas” infelizmente chegou tarde. Não adiantou twitter para um PAPA que,
de fato, nunca quis se comunicar.
E não se enganem quando a fumacinha branca aparecer
e o novo PAPA for anunciado. A tendência é que o Vaticano continue
hermeticamente fechado. O poder vai mudar de mãos, mas o conservadorismo
continuará.
Só nos resta agora aguardar, numa prova cabal de
que “o novo sempre vem”, a última twitada do PAPA, que seria mais ou
menos assim:
#partiumosteiro!
E que se inicie a Quaresma...