Heróis anônimos
A garota
que saiu da favela para estudar medicina em Cuba guarda semelhanças com o
professor que largou a escola para ensinar as pessoas a reciclar lixo. Também
há identidade comum entre os abnegados que se entregam à caridade nas casas
espíritas e aqueles que usam o surfe para tirar crianças das ruas.
São esses
cidadãos de Guarujá que estão fazendo a diferença de verdade e evitando o
apagão de ideias e de atitudes novas que se instalou na ilha de Santo Amaro há
algum tempo. Há muitos mais deles, em cada esquina, agindo em grupos ou sós,
mas determinados a mudar o destino de suas vidas e, melhor ainda, a dos outros
também.
Os heróis
anônimos que mantêm a cidade em vida nos remetem à necessidade de uma junção
entre o que sabemos que precisa ser feito e a forma de delegarmos a alguém o
poder para tornar reais nossos sonhos coletivos. Há um problema quando se
arrepende tão cedo de um voto, pois só fazemos isso a cada quatro anos, o que
pode ser uma eternidade com a luz apagada.
No
momento, há um clima de desânimo, incredulidade e impotência entre muitos
agentes políticos e formadores de opinião de Guarujá, mas tornou-se conveniente
calar-se ou esperar não sei o que. Nessa hora, os heróis anônimos dos quais nem
sempre lembramos, têm esse estranho poder de passar à margem da pasmaceira e
tocar seus projetos, desde que pelo menos ninguém os atrapalhe.
E neste
processo, que mais se parece com um teatro do absurdo, há sempre um papel
reservado para cada um de nós. Basta que a pessoa se enquadre em uma das
categorias nas quais se divide o mundo. Há as pessoas que protagonizam, há as
que pensam que protagonizam e há também aquelas que sequer sabem o que isso
significa.
Valdir
Dias
Jornalista
– Colaborador