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sexta-feira, 24 de maio de 2013

A necessidade de cada um

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Mesmo que alguns torçam o nariz, o Programa Bolsa Família está enraizado de uma vez por todas na cultura popular. A prova disso foi escancarada no último fim de semana, quando uma série de boatos causou tumultos em agências bancárias e lotéricas, ora porque havia um dinheiro extra na conta pela passagem do Dia das Mães, ora porque o benefício seria extinto para o governo economizar dinheiro e organizar a Copa do Mundo, numa prova de que imaginação e criatividade são virtudes singulares dos boateiros.
O problema do programa é justamente essa necessidade de se perenizar. Bom seria que o governo investisse pesado na condução dos miseráveis ao mundo das oportunidades, com intervenções que obrigassem as pessoas a usufruir de um sistema educacional que fosse eficiente, bem como lhes permitir acesso à saúde, cultura e lazer. Só assim, pressupõe-se que um programa de inclusão cumprisse o papel que seu nome define.
Para isso, os governantes deveriam aumentar de forma considerável os valores investidos no programa, que hoje consome 23 bilhões de reais, o que equivale a 0,1% do orçamento nacional, entregando um valor mínimo de 70 reais para um universo composto por 13 milhões de famílias. Para um programa que tem a capacidade de mobilizar milhares de pessoas pelo país afora, como se provou no fim de semana, o valor é baixo e mais parece uma esmola. As obras faraônicas da Copa custarão muito mais do que isso.
Uma das regras básicas escritas pelo filósofo Karl Marx, mentor intelectual daquilo que depois conheceríamos pelo nome de comunismo, é que se deve exigir de todos, segundo sua capacidade e dar a todos, segundo sua necessidade. E, enquanto houver uma pessoa com fome, na rua, em casa, no sudeste ou no nordeste, é preciso que se invista parte das riquezas do país nisso, o que ainda será pouco, diante do que a corrupção, a ineficiência, a inércia e os boatos consomem.
Valdir Dias
Jornalista – Colaborador

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