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sexta-feira, 15 de março de 2013

ARTIGO

4 comentários
Revolucionários dos Teclados 
(Clara Gurgel)


Se os ares da Primavera Árabe despertaram o internauta revolucionário que existe em nós, é preciso saber que nem só de Internet vive a Revolução. Hoje, nas redes sociais, assinamos petições, somos contra, a favor, defendemos nosso ponto de vista de maneira contumaz, e a todo momento criamos eventos reivindicatórios que tomam corpo numa velocidade que certamente deixaria qualquer grande revolucionário da história se mordendo de inveja.
Mas se a Internet é um meio de comunicação de suma importância, principalmente nesses tempos de conexão all the time, não deve ser o único canal disponível para nossas manifestações e protestos. Não somos avatares ou hologramas. Até porque se torna bastante cômodo exercer a cidadania, a responsabilidade social somente através de “curtidas, compartilhamentos e twittadas”. Fico me perguntando até que ponto essas ações virtuais não seriam apenas a expiação de uma culpa nossa diante das mazelas sociais, por exemplo.
A verdade é que há uma grande diferença entre simpatia e comprometimento. Não há como se comprometer sem sair da zona de conforto, sem observar com o olhar do outro. Somente o senso de justiça apurado nos impulsiona à ação, às ruas, à solidariedade e não à piedade. Mais importante do que os problemas que nos incomodam, é em que vamos transformar esse incômodo, e que ações contundentes a partir daí poderemos gerar.
Somente a força da sociedade organizada ajuda na consolidação dos nossos direitos. Movimentos populares são muito bem vindos e deveriam contar, inclusive, com o apoio de políticos que prezem por uma ressignificação da política atual. Não existem movimentos apartidários ou apolíticos, esses, já nascem fadados ao fracasso. A participação política não só é importante como deveria ser constante, acabando de vez com os políticos oportunistas que só se interessam pelos problemas da população nas épocas de eleições. Para esses e para os revolucionários dos teclados recomendo a assinatura de uma petição vistosa do Avaaz e um sofá bem confortável.
No mais, convém lembrar que só a morte é inexorável.


4 Responses so far.

  1. Cara articulista,
    Felizmente temos a internet para nos manifestar. E é óbvio que a revolução, as mudanças profundas na sociedade e o manifestar-se responsavelmente não pode somente ocorrer pela frieza, pelo comodismo e pela falta de coragem de se ir às ruas, às praças, às praias, atuar nas diversas instituições da sociedade e instâncias do estado.
    Hoje, para nossa sorte, as redes sociais se tornaram mais um canal de manifestação de agrado ou desagrado em todos os níveis - desde a manifestação individual às coletivas.
    Num país em que as pessoas não tem a segurança de opinar, de se mostrar e de não sofrer consequências desagradáveis, os instrumentos na rede mundial de computadores tornam-se muito utilizados, mantendo-se o devido anonimato para os que são perseguidos, humilhados, oprimidos e explorados.
    Assinar petições, solidarizar-se com os diversos movimentos, criticar e opinar pela internet é uma conquista mundial para todos os indivíduos e organizações. É a capacitação de exercermos a liberdade da maneira que a entendemos individual e coletivamente.
    Nada substitui as ações concretas e objetivas, presenciais - porém a internet funciona como um dos meios pelos quais podemos nos comunicar mais rapidamente, quebrar os monopólios das mídias elitistas, excludentes e manipuladoras.
    Não podemos abrir mão de um instrumento difusor tão importante e, é claro, como diz o ex-presidente Lula, não podemos ficar sentados em um "escritório com ar condicionado" pensando estar de acordo sobre as necessidades e insuficiências de nosso povo e do nosso país.

  2. Caro José Miranda,
    Que bom que concordamos em gênero e número! Em nenhum momento peco pela inobservância da importância da Internet (inclusive, sou a favor do barateamento e da melhora da banda larga para que o acesso seja cada vez mais democrático). Só concluo ratificando que a internet é um meio de comunicação importante mas não deve ser o único. Que venha para somar e não para substituir. Abraço e obrigada por ter lido!

  3. Beleza, cara articulista!
    Eu só busquei chamar atenção para a eficácia deste meio que é a internet para que realizemos não só manifestações, mas também termos consciência de que nossos atos atuam na realidade transformando-a, ou mantendo-a.
    Estamos na ação! Tendo a colaboração deste meio que cada vez mais se democratiza e se torna o principal para desmistificarmos uma mídia hegemônica (ainda) conservadora e manipuladora.
    É isso que temos feito nas manifestações contra o terror fundamentalista cristão que esboça seu fascismo, seu desejo de destruir o nosso estado Laico de Direito democrático e tornar nosso país em uma teocracia imunda do sangue das mulheres, dos negros, dos homossexuais, dos praticantes das religiões de matriz africana. Denunciar, a todas e todos, o que o ódio manifesto em vídeos, discursos e ações (como, por exemplo, querem rasgar a constituição e impor a bíblia cristã como lei) tal como ocupar de forma a-ética e golpista a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
    Já estamos nas ruas há duas semanas em várias cidades do Brasil.
    E resistiremos todos os dias até que o bandido racista, misógino e homofóbico saia da presidência da CDHM.
    Apesar de Dilma, do PT e outros avestruzes que existem em nossa terra...
    Saudações.

  4. Sem dúvida a Internet, através da chamada "mídia alternativa", consegue furar esse bloqueio causado pela manipulação da grande mídia tradicional. Mas é preciso avançar mais. A Lei de Imprensa, que era de 1967, caiu em 2009 (o que foi muito bom) mas não temos atualmente nenhum marco regulatório das Comunicações no Brasil, o que acaba favorecendo os oligopólios que dominam o setor. Mudar esse quadro é primordial para a democratização da informação no país.
    Quanto ao caso do Marcos Feliciano, onde as manifestações começaram no mundo virtual e se expandiram tomando às ruas, é um exemplo clássico de como a Internet pode atuar ( e de forma bastante eficaz) como coadjuvante no processo de politização e engajamento da população. Agora, seria interessante que esse processo, através da Internet inclusive, fosse constante. Há tempos que a bancada fundamentalista religiosa caminha a passos largos em direção ao Estado, ao Congresso. E pior, uma bancada ineficiente, que não propõe nada, só servindo como moeda de troca nas negociatas da politicagem reinante, e onde TODOS os seus nobres e "salvos por Jesus" deputados respondem a processos judiciais. Enfim, o caso Marcos Feliciano é só a ponta do iceberg.
    Sigamos então...
    Abraço!

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