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domingo, 17 de fevereiro de 2013

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68 - O Ano Que Não Terminou -

O Ano era 68, os universitários de todo país iniciaram um movimento pela libertação do Brasil do jugo dos militares que dirigiam a nação com mão de ferro.


O que dói é pensar que um dos lideres de movimento era um tal de José Dirceu.
Numa dessas manifestações, no restaurante do Calabouço da Universidade do Rio de Janeiro, foi morto num entrevero com as forças repressivas, um estudante, o Edson Luiz.

Foi o estopim para um movimento geral de todos os universitários, com passeatas, greves, tudo com muita repressão, pancadaria, cavalaria, etc.

Em Barretos, levávamos uma vida tranquila, muito estudo, horas de papo regado a muita cerveja e futebol nas horas vagas.

Como adversários no futebol jogávamos contra diversas classes de profissionais da cidade e entre eles os policiais civis, de quem eramos amigos.

Eu era presidente do diretório acadêmico, o governo tinha fechado todos os centros acadêmicos e permitiram o funcionamento apenas de diretórios acadêmicos.

Em reunião do diretório decidimos fazer uma greve de 7 dias e uma passeata.

Organizamos todos preparatórios para uma passeata com todos de luto, para marcar nossa posição.

Cidade pequena, logo a polícia ficou sabendo da nossa movimentação e a ordem era reprimir o ato, mesmo que para isso fosse preciso o emprego de força .

Os policiais amigos do futebol, preocupados conosco, já que eramos parceiros alem do futebol como também nas cervejas das horas vagas, foram na minha república, saudosa Vila Sapo, informando que tinham ordem para reprimir a qualquer custo o movimento.

Bom de papo, fechei um acordo com eles, sairíamos da faculdade, chegaríamos ao centro da cidade, avenida 19, e eles determinariam o fim da passeata, eu pediria para cantarmos o Hino Nacional e nos dispersaríamos.

Apenas eu e meus amigos policiais sabiam desse acordo.

A PM tinha acabado de receber aqueles cacetetes tamanho família, bata num e pegue em dois, doidos para estrearem o instrumento.

Conforme combinado, saímos da Faculdade, descemos em direção ao centro, todos de braços dados, tarja preta na boca e acompanhados de perto das policias civis e militares.

Os PMs babavam, doidos para estrearem seus cacetetes tamanho família. Tinha um que acho que já tinha me escolhido como alvo, pois não tirava os olhos de mim.

Chegamos ao centro, a polícia nos cercou no meio do quarteirão, deixando nos sem saída.

Meu amigo policial, conforme combinado, pediu que nos dispersássemos. Pedi para cantar o Hino Nacional e logo após dei o comando para que parássemos com o ato e nos dispersássemos .

Os PMs que estavam loucos de vontade de entrar em ação, agitavam seus cassetetes e ficaram frustrados quando acatamos a ordem de dispersar.

Um radialista, não me recordo se da rádio Piratininga ou da Barretos, que nos acompanhava desde a faculdade, veio pra cima de mim, reclamando em altos brados: “ vocês vão sair assim ? Vão afinar ? Tem que ir para o enfrentamento“.

Virei para ele disse : “ vamos combinar uma coisa, eu vou tomar umas cervejinhas e você fica aí tomando borrachada no meu lugar” .

Durante uns quinze dias fui alvo de todas as criticas possíveis daquele radialista que não perdia a chance de falar mal de mim.

Mas 68 prometia mais, veio o discurso de um insignificante deputado federal, Marcio Moreira Alves, conclamando às moças que não dançassem com os cadetes nos bailes da semana da pátria.

O governos pediu licença para processa-lo, o que foi negado por parte da câmara federal, com uma das paginas mais belas da história do legislativo deste país com a liderança e os discursos duros de Mario Covas, que era líder da oposição. Do que eu me lembro foi de maior afirmação do legislativo brasileiro, a tv cultura e a tv câmara de vez em quando passam os debates que ocorreram em plenário .

Em represália, o governo fechou o congresso, decretou o famigerado AI 5 e cassou boa parte dos políticos que não diziam amém aos ditadores de plantão.

E o Brasil mergulhou na mais profunda ditadura até então vista.

Só 10 anos após, em 1978, no governo Geisel, foi revogado aquele odioso Ato Institucional n. 5

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