O CDP de Guarujá
Valdir Dias
A
geografia tem sido um privilégio para a cidade de Guarujá, mas também tem feito
suas traquinagens. Prova disso é a quantidade de equipamentos instalados no
lado de cá do estuário e apresentados ao mundo como do vizinho. Há alguns
exemplos clássicos. Pertinho do luxuoso bairro santista da Ponta da Praia, está
enraizado o Iate Clube de Santos. Nas proximidades do Centro Histórico da terra
de Braz Cubas, encontra-se a Base Aérea de Santos.
Ambos os
equipamentos estão em Guarujá, mas levam em seu nome a homenagem à outra
metrópole. A pergunta que pouco se faz é se alguém, em algum momento, definiu
que a cidade de Santos é a capital da região? Fosse assim, resolveríamos de
outra forma o impasse causado pela falta de opções em atendimento de saúde e de
alguns órgãos de apoio à educação, nas demais cidades da Baixada Santista, como
exemplos.
Santos
tem Ambulatório Médico de Especialidades, hospital público do Estado, outras
várias opções filantrópicas e ainda assim carece de leitos. Imagine-se, então,
uma cidade que construiu seu único hospital há 50 anos. Na educação, Guarujá
tem a maior quantidade de alunos da rede pública estadual da região, serve como
residência para a própria diretora Regional de Ensino, mas qualquer decisão no
setor deve ser tomada na sede da Diretoria que fica em: Santos.
Nesta
semana, o Governo do Estado anunciou que irá construir um Centro de Detenção
Provisória (CDP) para aliviar a superlotação das cadeias públicas mal
instaladas nas delegacias da região. A unidade será construída nas cercanias de
Guarujá, mais precisamente a cinco quilômetros do Centro da cidade, na rodovia
Cônego Domênico Rangoni, mas já é apresentado como o CDP de: Santos.
Bairrismo
à parte, o que se busca é um respeito que mal não faz e decerto muito bem fará
à autoestima de quem vive do outro lado da balsa. No momento, dissemina-se
entre a população um sentimento e um movimento espontâneo de valorização das
coisas que tornam Guarujá um lugar especial. Por ora, ainda são embriões, mas
em comum têm o argumento primordial de que a cidade somente será boa para o
turismo se for boa para quem nela vive. A criação de novas celas para bandidos
não era a primeira opção, mas já ajuda.
Concordo com você Valdir, um CDP não deveria ser, nem de longe, a primeira opção. Considerando-se o caráter de tudo que é "provisório" nesse país, só me resta acreditar que importaremos mais um problema. Essa bomba, eu preferia que estourasse lá pros lados de Santos mesmo, incluíndo aí a nomenclatura. Afinal, não se gabam de ser a "cidade mais estruturada" da Baixada?! Pois que recebam o CDP do Alckmin. Abraço!
Desculpe, onde está escrito "a nomenclatura" leia-se "o nome".